segunda-feira, janeiro 29, 2007

Um passo adiante, um passo atras


Hoje é assim que me sinto: Frio
Talvez não como o que se faz sentir lá fora, mas pelo que se sente cá dentro.
As coisas hoje perdem a sua forma, a côr, o brilho e o tacto. Há um mundo imaginário, em que teimo em ficar agarrado.
Imagino as coisas a desfazerem-se, não há nada materializável. Os prédios ruem, os carros colidem, a terra abre fendas largas para o mais frágil ceder.
Esqueço-me várias vezes do propósito que me trouxe até aqui.
Esqueço-me várias vezes da obrigação que detenho ao estar aqui.
E a contagem decrescente já se iniciou, ainda estava eu camuflado entre os lençóis.
Um olhar de relance, faz-me ecoar novamente na minha cabeça: "Não..."
Está na hora, de desligar daquilo que me faz andar pra trás.
Agarrar o que faz andar prá frente, porque sem rumo, bastam os sem-abrigo.
Dizer o que penso, difere de dizer o que sinto.
E quero chegar lá acima, poder ver, sentir, descobrir como é.
Mas custa tanto... e prefiro não ser apelidado de louco mais uma vez.
A Distância é demasiada, não sei se a sola da sapatilha, não fica careca, se não escorrego na areia, se não tropeço no gelo...
Se bem que, vendo bem... é só apenas mais uma protecção entre as muitas que tenho...
No andar descalço, é que está a virtude.
Sem fardos, nem correntes, vou ao sabor do momento.
Hoje é um dia estranho.
Hoje é um dia preso por um fio.
Escrevo deste canto...
Nú, cego, e surdo...
Deixo-me dominar pelo vazio.

António José Trindade

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