quarta-feira, maio 30, 2007

Esqueletos no Armario...


Gosto quando as pessoas mostram os esqueletos que guardam no armário...
... e mais não digo.

Durmam bem.
Até Amanhã.



António José Trindade

quarta-feira, maio 23, 2007

Anjo da guarda

Tenho um anjo da guarda...


"As coisas não acontecem só aos outros..."

Sim, só acontecem aos outros. A mim não me aconteceu nada... ainda.
Hoje acordo e está tudo normal, tudo como devia ser. Passam alguns minutos sem me lembrar do sucedido.

Sinto-me culpado. Sinto-me irresponsável. Sinto-me como um puto mimado que só sabe estragar todas as porcarias que lhe dão.

"Mas tu estás bem e é isso que interessa!"

Interessa, pois... mas isso não compensa o facto de o ter feito. Se calhar a culpa não foi totalmente minha. Mas aconteceu comigo. E sinto-me culpado. Muito culpado. E ninguém me tira isso.

"Nem imaginas a sorte que tiveste..."

Sim. Imagino. Estive lá. Não me apercebi na altura mas vejo-o agora a passar incessantemente na minha cabeça, como que um anúncio irritante de um canal da televisão por cabo após o fecho da emissão... vezes e vezes sem conta.

Vezes e vezes sem conta, abro os olhos e revejo os autocoloantes debaixo de mim... imagino como teria sido se, ao vê-los, não conseguisse mexer os dedos, ou as pernas, ou os braços... ou até mesmo como seria não ter mão para me soltar. Imagino como teria sido se nem tivesse aberto os olhos.

Saí de lá a rir-me. Por algum tempo achei que foi estúpido. Mas agora sei que nada fez mais sentido do que ter-me levantado e ter sorrido. Com todos os dentes, que ainda tinha. Mais... devia ter dado uma grande, grande gargalhada. Devia ter-me deitado no chão a rir, a rebolar. E devia ter continuado a rir, ainda mais alto.

Aquele momento de vulnerabilidade, de impotência total e absoluta... onde cada milésimo de segundo e de movimento eram fruto do puro e mero acaso, decididos na altura, sem qualquer possibilidade de intervenção minha... assusta-me demais pensar nele. Mas foi tal e qual como imaginei que seria.

O pior é o "depois". O peso do "depois". Mas o simples facto de sentir esse peso já é bom. E sorrio.

"Já passou... tens que seguir em frente."

Assim o tenciono fazer. Ainda é cedo... sim, ainda é cedo. Muito cedo. Ainda não consegui mastigar tudo. Foi uma colherada muito grande para a minha boca pequena que não imaginava haver talheres deste tamanho. Não na vida real. Não na minha. As coisas só acontecem aos outros.

Vou seguir em frente. Contigo. Se algo interferiu com o desfecho de tal proeza, foste tu... pois nada valia mais do que voltar a ver o teu sorriso, a sentir os teus braços e a apertar-te com os meus.


Tenho um anjo da guarda... agora se ele se chama Joaquim ou Guilherme ou Puta de Sorte... é apenas uma questão de registo civil.