terça-feira, setembro 19, 2006

Each small candle, lights the dark side of every human mind


A minha cabeça está um caos.
é assim que começo este texto. presumo que é assim que ele vá acabar também. são 5.40 da manhã e ainda não preguei olho.. já fui lá fora, e o tempo não muda. as árvores continuam lá. as lâmpadas da rua continuam imóveis e estáticas.
Enquanto procuro convergência, há muito que os meus colegas foram dormir. Gostava de já poder estar em semelhante estado vegetativo, "desligado" por mais uma noite...
Arrasto pela casa e não consigo abstraír-me...
Como é que cheguei até aqui? Mais uma vez, as coisas terminam abruptamente. desta vez, pela minha mão. Não consigo forçar-me a nada. Preciso de descansar, porque não parei ainda até agora. Mas descansar, parar, parece tão desnecessário, que abraço a rotina como uma benção pra me manter distraído do que me persegue.
consegui cumprir os meus objectivos das férias, e agora, tento começar um ano lectivo novo, mas...
como posso conseguir organizar-me a nível escolar, se a nível pessoal está tudo um caos? Post-it's por tudo o que é lado, papéis no chão, uma sapatilha aqui, e a escova de dentes longe da pasta de dentes, e o perfume no sítio do creme de barbear... é assim, dentro de mim.
As pessoas continuam a perceber-me mal. Continuam a achar que as trato de maneira diferente, quando trato toda a gente de maneira igual... Salvaguarda-se um caso ou dois, mas isso, a mim me pertence.
O que se passa com o mundo? Porque me vêm dizer que sou isto e sou aquilo pra elas? As outras pessoas não o são? Onde estão as boas maneiras? onde está a atenção, o cuidado das palavras, com que nos dirigimos ás pessoas? Onde está a verdadeira amizade a proliferar, em vez dos interesses?
Tudo isso se perdeu? como uma brisa matinal em aveiro, trazida pelo cheiro de cacia, que arranha as fossas nasais, e custa a respirar, como se as pessoas se tornassem mais máquinas que humanas...
I'm home again, Aveiro! :)

Continuo a não saber o que quero. Continuo a não ter um projecto de vida. Mas também, não vou fazer um sequer. As coisas têm tendência a partirem-se mais facilmente que um palito, pra quê darmo-nos ao trabalho de construír o que quer que seja?
Sim, faz-nos sonhar, mas ninguém se lembra da queda que podemos dar também.
Quando estamos felizes, esquecemos a parte racional. Tudo o que queremos é que dure e não nos perguntamos nem preocupamos porque é que estamos assim. Quando estamos tristes, entramos em parafuso, estados de melancolia, e pensamos em tudo, e pensamos em 1001 razões porque é que falhou.
Na realidade, a razão pelo qual falhou, é a 1002ª razão, que não nos démos ao trabalho de pensar...
As coisas da vida são sempre surpreendentes, mas o engenho humano tem sempre uma costela pôdre. Por muito imparciais que tentêmos ser, há momentos em que demonstramos o pior de nós. Consciente ou insconscientemente, fazêmo-lo sem pensar na ferida que vamos abrir.
As pessoas que recentemente tentaram abrir as portas, deram com o nariz nelas. Estou rodeado de muralhas, muros, e pedras. E assim quero continuar.

Each small candles lights the dark side of every human mind

vou agora tentar organizar as coisas aqui por dentro. Esquecer um pouco do que aconteceu, e abrir os olhos porque estou farto de bater com a cabeça nas paredes.
E ultimamente tens estado aí, desse lado a ouvir, a rir, a curar, a dar forças, e vivo no mesmo fuso horário que tu praticamente. Mas tem valido a pena, em cada palavra escrita. Quando saltamos no sorriso de cada um.
Só lamento ter um Oceano de distância entre ti, que nunca atravessei.
Desculpa ter estado as férias todas a trabalhar, e isso me tenha impossibilitado de ter ido ter contigo, mas há obrigações a serem cumpridas, e isso, compreendeste melhor do que ninguém.
Houve um dia quem disse que a minha vida, era uma linha recta ás curvas. Se isso me levou a ti, não sei, mas se me mantiver por perto, não quero ter que mudar por causa disso. Quero continuar a percorrer as curvas numa linha recta, mesmo que isso não faça sentido nenhum.
Vou arrumar tudo então. Já tenho tudo, desde agrafadores, furadores, dossiês, separadores, etiquetas, tudo. Pra colocar todos no seu sítio devido, pra saber quem é quem, nesta chuva de pessoas. Pra saber quem interessa, pra saber quem é história. Pra saber quem me vai acompanhar nos anos vindouros, pra saber quem pode caír no esquecimento.

A ti Joana, por tudo


António José Trindade

(RogerWaters-EachSmallCandle)

segunda-feira, agosto 07, 2006

Pedaços


sempre que sirvo um casamento,
morre algo cá dentro...
muda algo cá dentro...

há coisas que mais vale não perguntar.
vou-me sentar á chuva, e pensar
ou se calhar apenas molhar as ideias

as horas não passam, e os dias
parecem poeira nos olhos

Preciso de saír daqui

"There must be some kind of way, outta here said the joker to the thief"

Tkx

quarta-feira, julho 26, 2006

Universo paralelo

Enquanto coço as cerca de quarenta picadas de insecto que me acompanharam no regresso a casa, ainda me custa a crer que apenas passaram três dias.

Parece que foi uma vida...
Longe de tudo.
Longe da rotina pouco rotineira, longe de trabalho, estudos, complicações, datas, prazos, compromissos, reuniões, ...

...curioso como foi preciso ir para longe do que eu sou para passar três dos dias mais agradáveis dos últimos tempos.

Foi bom passar horas sem fazer nada, a olhar para o céu e sorrir.
Foi bom andar cheio de pó.
Foi bom acordar às tantas da manhã com os filhos da puta dos vizinhos das tendas do lado a tocar jambés e a gritar com a bebedeira.
Foi bom conhecer nova gente.
Foi bom estar com pessoas que estão bem.
Foi bom ser adolescente outra vez.
Foi bom aquele concerto.
Foi bom...

Chegou mais um mail... reunião, trabalho.
De volta à realidade como se a Enterprise tivesse saído de warp 2 ou 3 sem amortecedores de inércia.

Estou enjoado...

O meu mundo ficou tal e qual conforme o tinha deixado. Heh... e eu que pensava que tanta coisa teria acontecido, tanto teria mudado, que tanto tempo tinha passado...
...acho que o posso deixar mais vezes.


Só tenho que me habituar aos enjôos da volta.

sexta-feira, julho 21, 2006

A walk to remember :)


Não foi preciso muito tempo pra chegar de aveiro...
não foi preciso muito tempo ao pé de ti...
nem muitas palavras pra perceberes :)

Hoje foi dia de conversa :)
Obrigado Pai :)

Tkx

quinta-feira, julho 20, 2006

O Arco, a Flecha, o Alvo


Todos nós somos arqueiros da vontade divina. E, portanto, é indispensável saber que instrumentos temos á nossa disposição.

[O Arco]
O arco é a vida: dele vem toda a energia.
A flecha irá partir um dia. O alvo está longe.
Mas sua vida permanecerá sempre com você, e é preciso saber cuidá-la.
Precisa de períodos de inacção - um arco que está sempre armado, em estado de tensão, perde a sua potência. Portanto, aceite o repouso para recuperar sua firmeza: assim, quando você esticar a corda, estará com sua força intacta.
O arco não tem consciência: ele é um prolongamento da mão e do desejo do arqueiro. Serve para matar, ou para meditar. Portanto, seja sempre claro nas suas intenções.
Um arco tem flexibilidade, mas também tem um limite. Um esforço além da sua capacidade irá quebrá-lo, ou deixar exausta a mão que o segura. Da mesma maneira, não exija mais do seu corpo do que ele lhe pode dar. E entenda que um dia a velhice virá - e isso é uma benção, não uma maldição.
Para manter com elegância o arco aberto, faça com que cada parte dê apenas o necessário, e não disperse suas energias. Assim, você poderá disparar muitas flechas sem se cansar.

[A Flecha]
A flecha é a sua intenção. É o que une a força do arco com o centro do alvo.
A intenção do ser humano tem de ser cristalina, recta, bem equilibrada.
Uma vez que ela parte, não voltará, então é melhor interromper um processo - porque os movimentos que o levaram até ele não estavam precisos e correctos - do que agir de qualquer maneira, só porque o arco já estava retesado e o alvo estava esperando.
Mas jamais dexe de manifestar sua intenção se a única coisa que o paralisa é o medo de errar. Se fizer os movimentos correctos, abra sua mão e solte a corda, dê os passos necessários e enfrente seus desafios. Mesmo que não atinja o alvo, você saberá corrigir sua pontaria da próxima vez.
Se não arriscar, jamais saberá quais as mudanças que eram necessárias.

[O Alvo]
O alvo é o objectivo a ser alcançado. Foi escolhido por você. Nisso reside a beleza do caminho: você não pode jamais desculpar-se, dizendo que o adversário era mais forte. Porque foi você que escolheu seu alvo, e é responsável por ele.
Se olhar o alvo como inimigo, poderá até mesmo acertar o seu tiro, mas não conseguirá melhorar nada em você mesmo. Passará sua vida tentando colocar apenas uma flecha no centro de uma coisa de papel ou madeira, o que é absolutamente inútil. E quando estiver com outras pessoas, viverá reclamando que não faz nada de interessante.
Por isso, você precisa de escolher o seu objectivo, dar o melhor de si para atingi-lo, olhando-o com respeito e dignidade: precisa saber o que ele significa, quanto custou do seu esforço, do seu treinamento, da sua intuição.
Ao olhar o alvo, não se concentre apenas nele, mas em tudo o que acontece ao seu redor: porque a flecha irá encontrar-se com factores que que você não conta, como o vento, o peso, a distância.
O objectivo só existe na medida em que um homem é capaz de sonhar atingí-lo. O que justifica a sua existência, é o desejo - ou ele seria uma coisa morta, um sonho distante, um devaneio.
Assim, da mesma maneira que a intenção busca seu objectivo, o objectivo também busca a intenção do homem, porque é ela que dá sentido à sua existência: já não é mais apenas uma ideia, mas o centro do mundo de um arqueiro.

Paulo Coelho - Crónicas DN

sexta-feira, julho 14, 2006

Triunfo sobre a vida

Só há uma coisa que mudaria na minha vida: o facto de ter que trabalhar ao fim-de-semana, quando supostamente seria pra eu descansar. Mas o dinheiro não cai do céu, e as facilidades que tenho (ou dificuldades?), têm que ser obtidas com algum trabalho. Há dias, quando estava a trabalhar no restaurante mais o meu pai, porque a empregada estava de férias, e porque mais uma vez, os meus primos de coimbra querem é borga, e como eu estou "mais á mão", acabo por ser sempre chamado. Mas tudo bem. A parte boa de trabalhar lá, é poder ser o único tempo que passo de qualidade com o meu pai, por isso, chamem-me pra trabalhar quando quiserem. Ainda não te conheço a fundo Pai, mas quero estar contigo sempre :)
Ainda não era hora de almoço, e faltava alguma fruta na travessa onde está exposta, e ele disse pra ir num rápido ao super-mercado. Ok.
Tiro dinheiro da caixa, e vou descendo a rua principal abaixo, cruzo-me com algumas caras familiares, vou cumprimentando e... olha, é já aqui: Mathias ou lá o que é...
Siga! Antes de entrar já se ouvem os *beeps das registadoras a facturar...
Entro e vejo na registadora a Cláudia.
A Cláudia era uma rapariga extremamente popular no ciclo, e tinha sempre gajos a dar com pau, e sempre gente á sua volta. Para a conheceres, tinhas que conhecer já alguém do grupo, senão, estavas tramado.
Não nunca me interessei por ela, cruzes credo! Não gosto de Barbies, embora seja isso que atrai a sociedade hoje em dia. Mas pronto. Ela até era gira, nada que me faça suar, ou corar muito menos. Acho que nunca gostei muito do que toda a gente gosta. e por isso mesmo, nunca fui muito de entrar em euforias por causa dela. Ela tinha madeixas loiras naturais, o que deixava o pessoal maluco, e pronto, prá idade que tinha, já tinha um corpo bastante definido. Lembro-me que ela começou a andar com alguém bem mais velho que ela. ele tinha um ar de arruaceiro, um ar de verdadeiro chulo. Não o conhecia e não me interssava conhecê-lo. Ninguém queria tão pouco. Ele ia buscá-la e levá-la de carro á escola, um carro a caír aos bocados, mas na nossa altura do ciclo, quem é que tinha um namorado(a) que nos fosse buscar e levar?
Um acto de puro exibicionismo.
Lembro-me uma vez que fui com a minha mãe ao intermarchê e cruzámo-nos num corredor, onde estávamos só nós. Cruzei-me com ela, ela ao inicio mostrou-se desinteressada, claro, como qualquer rapariga que tenha um ego do tamanho do mundo. Que é que foi? nós víamo-nos todos os dias na escola, porque é que não haveria de dizer olá? eu não sou mal-educado, tenho princípios e boa-educação, e então, quando nos cruzámos disse: "Olá"
Ela, lá no seu alto pedestal, olhou pra mim, de seguida olhou pra mim de alto abaixo, como que á procura de roupa de marca, sinal de que a podia sustentar. Tiveste azar. Eu não visto marcas.
Ela optou por ignorar, pensando: "O que é que este quer?"
Eu sabia que ela sabia quem eu era. Infelizmente, toda a gente sabia no ciclo que a minha mãe trabalhava lá e que eu era filho dela. Professores e Alunos. Conhecidos e Desconhecidos. Qualquer asneira que eu fizesse, podiam não me conhecer, que era logo "O Filho da Dª Odete" Felizmente, eu sempre soube saír bem dessa (des)vantagem, que tinha os dois extremos, já o meu irmão, não se pode gabar do mesmo, visto que os colegas continuam a fazer o relatório da vida dele á minha mãe.
Mas nunca fui popular, não da forma dela. sempre tive o meu grupinho de amigos que foram crescendo comigo desde puto, e sempre os fui mantendo bem perto de mim. claro que há sempre uma ou outra pessoa que entra nesse grupo, e é sempre bem-vinda. Mas nunca tirei partido disso. Não precisei também. Rodeei-me de pessoas que não são interesseiras pra comigo. e isso basta-me. Nunca guardei facturas dos amigos que tenho, porque nunca os comprei.
De qualquer forma, a Cláudia decidiu seguir em frente. Eu como também nunca precisei dela pra nada, segui em frente também...

Escolhi maçãs, laranjas, e alguns pêssegos. Dirigi-me á registadora pra pagar, e ela atendeu-me sem olhar pra mim. No fim, quando pede o dinheiro, olha pra mim, sorri como se tivéssemos sido grandes amigos outrora e nos tivéssemos re-encontrado e pergunta: Olá! Não sabia que eras tu! Então, tá tudo bem contigo?

olho pra ela, mas não muito.

Recolho o meu troco da mão dela, viro costas, e venho-me embora sem uma única palavra solta da minha boca.
Desta vez sou eu que sigo em frente.
Fica bem Cláudia...

António José Trindade

I keep running into the same kind of people...



encontras sempre algo..
pra te deitar abaixo;

tudo é razão pra um drama

apercebeste-te que me tinhas..
e aborreceste-te;

a segurança dos outros..
causa-te estranheza...

Quando as pessoas acham que estão a receber mais e melhor do que merecem, nem sempre é só por insegurança emocional e falta de estima, mas porque há uma razão escondida subjacente e que mesmo inconsciente para a pessoa, encerra a verdade..

Nem todos conseguimos ver os esqueletos no armário. há quem tenha mta roupa e tralha cheia de brilho e cor a esconder os esqueletos que estão por detrás de um guarda-roupa bonito..

Mais vale magoar de uma só vez, do que ás pinguinhas com indecisões, faltas de coragem e determinação.