domingo, fevereiro 25, 2007

A efemeridade do tempo

É estranho pensar no que ficou para trás, não tanto como no que virá.

Sinto-me velho quando recordo o "antigamente", o "antes"... Parece que foi ainda ontem e ao mesmo tempo parece que já me esqueci de como foi. Fui tantas pessoas diferentes e uma só ao mesmo tempo, que já nem sei qual delas foi causadora disto tudo.

Parece que tudo o que se passou entretanto foi apenas um ar de brisa matinal que nos acaricia o rosto quando saímos de casa num dia de outono... agradável e melancólico.
Parece que tudo foram pinceladas de paisagem num quadro de retrato, para ajudar a passar o tempo enquanto o modelo não aparece por ter ficado preso no tráfego das seis e meia da tarde.
Parece que andei a dormir enquanto estava acordado, a sonhar de dia.

Lembro-me de tudo e não me lembro de nada, porque de tudo o que vale a pena lembrar, de nada me interessa agora. Areia...
É tudo areia... grão a grão a ampulheta esvaziou e agora é chegada a altura de a virar.
Passaram-se cinco vidas, e cinco vidas passarão novamente até que a vire outra vez... E tudo voltará a ser areia.

Por mais grãos que passem pelo delicado funil, por cada milésimo ou milénio que passa dentro do instante de transposição de câmaras, no fim, o que interessa é manter a areia a correr.

Eu sei que foram ainda só uns momentos...


... mas parece que já é assim há uma eternidade.

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